
quando já não houver mais nada a dizer
já não houver sussuros
já não houver gritos
já não houver palavras
já não houver saliva
já não houver silêncios
já não houver música
já não houver ar
já não houver força
já não houver corpo
já não houver braços que te segurem
já não houver mãos que te apertem
já não houver frio
já não houver calor
já não houver risos
já não houver lágrimas
já não houver tudo
já não houver nada
...
não, não olhes para cima
não vejas o quão imenso é o céu
como voam as amigas nuvens
como molha a chuva
como aquece o sol
como as estrelas brilham
como a lua se esconde
não, não olhes para cima
...
olha para baixo
sempre para baixo
e vê como está perto o chão
como os teus pés ainda caminham
como as tuas pernas ainda dançam
como o teu corpo ainda respira
como a tua boca ainda saboreia
como os teus olhos ainda vêem
como o teu cabelo ainda voa
como ainda há quem te segure a mão
cá em baixo
não lá longe, lá em cima
aqui mesmo, cá em baixo
à distância dos teus dedos.
Imagem: "O Fascínio" por Miguel Ministro.
1 comentário:
Excelente!!!!
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