sábado, março 23, 2013


sinto qualquer coisa de indefinido
no meu umbigo
quando respiro
quando espirro
e não o consigo
discernir.

é qualquer coisa de indesejado
de inusitado
todo o meu corpo amarrotado
despojado
abandonado
e quero fugir.

quero arrancar este desassossego
este desapego
do meu corpo cego
e eu já não chego
e eu a mim renego
e vou desistir

é um tão grande aperto
já tão sem conserto
que tudo é incerto
um grande deserto
de onde não desperto
sinto-me cair.

numa queda sem fim
perco-me de mim
e chego como vim
finalmente ao fim
sem saber assim
o que é sentir.



Imagem: "Self Portrait Suspended V", 2004 de Sam Taylor-Wood.

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